Puxada por alimentos da cesta de consumo com grande peso no bolso das famílias –como tomate e cebola–, tarifas de energia elétrica e jogos de azar, a inflação ficou acima do esperado em maio.
O IPCA, índice usado no regime de metas de inflação, acelerou de 0,71% em abril para 0,74% no mês passado e acumula alta de 8,47% em 12 meses –a maior taxa desde dezembro de 2003 (9,3%), segundo o IBGE. No ano, o IPCA alcançou 5,34% (quase um ponto percentual acima do centro da meta de inflação para 2014, que é de 4,5%).
Os números superam as expectativas de analistas consultados pela agência Bloomberg, que projetavam o IPCA em 0,59% em maio e em 8,30% em 12 meses.
A surpresa foi o grupo alimentos e bebidas, responsável por 25% do orçamento das famílias. Os preços subiram 1,37% por causa das chuvas e da alta do dólar. O grupo respondeu por metade da inflação no mês. Em geral, alimentos desaceleram em maio.
Vilão em 2013, o tomate foi o que mais contribuiu para a alta dos alimentos. O produto subiu 21,38% no mês e acumula alta de 80,42% no ano.
A cebola também teve forte alta: 35,59% em maio e 100,45% no ano. “As chuvas aumentaram a umidade, o que gerou pragas no campo. Isso afeta a oferta. [Além disso] Segundo os produtores, o custo para combater essas bactérias é alto”, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora no IBGE.
Os alimentos expostos ao câmbio também subiram. É o caso do pãozinho, com alta de 1,75% em maio. Sua matéria-prima, o trigo, é cotado no mercado internacional.
Flávio Serrano, economista do Banco Espírito Santo, diz que maio é tipicamente um mês de desaceleração dos alimentos. Por isso, os economistas foram surpreendidos.
ENERGIA ELÉTRICA
Outra surpresa foi a energia, com avanço de 2,77% –a maior contribuição individual para o IPCA. O custo da luz subiu forte em regiões como Recife (12,20%), Salvador (12,07%) e Vitória (10,38%). Na capital capixaba, o motivo foi o aumento de PIS/Cofins.
Individualmente, um dos destaques da inflação de maio foram os jogos de azar, com alta de 12,76%. Com autorização do governo, os bilhetes de loteria da Caixa foram reajustados no mês para ajudar o esforço fiscal.
Com o resultado do mês, o mercado começou a rever –para cima– sua expectativa para a inflação em 2015. Na ARX, a previsão passou de 8,9% para 9% em 2015. No BES, de 8,4% para 8,7%.
Fonte: BRUNO VILLAS BÔAS – Folha de S.Paulo