A inflação deverá se manter no patamar de dois dígitos pelo menos até março de 2016, em função da perspectiva de reajuste dos preços administrados no início do ano.
A avaliação é do economista Pedro Costa Ferreira, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). A instituição divulgou ontem o Indicador de Expectativas Inflacionárias dos Consumidores, que ficou em 10,1% em novembro.
Além de ser um novo recorde histórico na série iniciada em setembro de 2005, o indicador marca o quarto mês seguido de expectativas na casa dos 10%. Ferreira destaca a expressiva mudança de patamar desde janeiro: o indicador saltou de 7,5% para 10% em agosto, se manteve estável até outubro e agora subiu novamente, para 10,1%.
A FGV atribuiu o resultado de novembro a uma combinação entre o nível da inflação atual e a repercussão que a mídia vem dando ao aumento geral dos preços.
Ferreira lembra que a expectativa também influencia a formação dos preços na economia.
O universo dos consumidores é formado por comerciantes, empregados e profissionais liberais. Quando acreditam que pagarão mais caro por produtos e serviços é natural que cobrem mais caro e busquem renegociações salariais mais altas. O mesmo vale para renegociações contratuais, como, por exemplo, os aluguéis. “A tendência é a negociação de preços de maiores e que a inflação continue com essa inércia”, diz.
Para Ferreira, é possível que passado o período de influência dos administrados a expectativa tende a atingir estabilidade e iniciar uma trajetória de queda. Isso por reflexo da política monetária de juros básicos altos, contração do crédito e até pela perspectiva de queda do Produto Interno Bruto (PIB). A Sondagem coleta mensalmente informações de mais de 2,1 mil brasileiros em sete capitais.
Cerca de 75% deles respondem aos quesitos relacionados às expectativas de inflação.
Fonte: Agências