A principal diferença entre a previdência social do governo e a previdência privada tem um nome: juros.
Os juros trabalham a nosso favor, quando investimos dinheiro. E contra, quando emprestamos dinheiro; do banco, por exemplo.
Em um país de muita gente endividada, vale refletir mais sobre isso, e de que lado do balcão queremos estar. Pagando ou recebendo juros.
Você parcela no cartão de crédito? É fácil fazê-lo, não é? Através do internet banking, basta escolher o número de vezes, dar um clique e pronto: parece que nos livramos daquela dívida.
Mas não é bem assim! Imagine, por exemplo, que a sua fatura seja de R$ 2.000,00 e que para parcelar a dívida, o cartão cobre uns 10% ao mês. Se você parcelou em 12 vezes, vai pagar R$ 293,00 por mês. Parece pouco e você suporta no seu orçamento. Ocorre que, no final de um ano, você terá pago R$ 3.184,00. Diante dos R$ 3.516,00 que parcelou é 75,8% a mais só em um ano.
Quando compramos um carro financiado é pior: como não é em um ano, mas em três, quatro, acabamos pagando um e meio, dois carros ao invés de um.
Viram: essa é a mágica dos juros e da capitalização, que, na maioria dos casos, funciona a favor do banco e do banqueiro.
Mas como é bom estar do lado de lá do balcão, como se banqueiro fôssemos, quando fazemos o mercado financeiro trabalhar a nosso favor.
É o que acontece quando fazemos previdência privada: a posição se inverte. Nós e muitos outros é que emprestamos dinheiro para construir um shopping ou ampliar uma empresa e recebemos juros por isso. Cada R$ 1,00 se transforma em R$ 10,00 depois de 30 anos.
É a mágica dos juros trabalhando a nosso favor. Uma das raras maneiras de um assalariado ficar rico um dia.
Vejam este exemplo: do total do patrimônio acumulado numa previdência privada por um participante depois de 40 anos de contribuição, incríveis 69% dos recursos vieram dos juros, 5% de incentivo tributário e só 26% da contribuição mensal que sai de nosso bolso.
Mais de 2/3 de toda poupança previdenciária vem dos juros. Ou seja, do mercado financeiro.
Por isso digo sempre que a diferença de ricos e pobres não é dinheiro- dinheiro é consequência-, mas a compreensão dos juros. E nunca pagar juros, mas sim receber juros.
E essa é a prática de quem investe em previdência privada: recebe juros do mercado financeiro sobre a poupança que faz para a aposentadoria.
Fonte: Renato Follador – Paraná Online